Parentes denunciam agressões contra detentos em presídio de Araguaína após visitas serem suspensas


Parentes e esposas de detentos do presídio Barra da Grota, em Araguaína, denunciam agressões e até torturas dentro da unidade prisional. Segundo eles, a violência contra os presos começou após as visitas serem suspensas por conta da pandemia do novo coronavírus.

Uma mulher que não quis se identificar disse que ficou preocupada. Ela contou que tem informações de que o marido estava sendo espancado. "Meu marido ficou cinco dias de cueca dentro de uma cela. Ele e outro reeducando apanhando, entendeu? Diariamente. Isso não é só com meu marido não. É com vários", disse.

Outra mulher também teme pelo marido. Ela deixou de ter contato pessoal com ele há mais de um mês e agora só se comunica por meio de cartas.

"As cartas, tanto as que a gente recebe deles lá, como as que a gente manda para eles, principalmente as que eles mandam de lá, passam por um agente e tudo. Se eles [detentos] tiverem sofrendo alguma coisa lá, como já houve denúncia para o Ministério Público, não tem como a gente saber por que eles [agentes] não deixam as cartas passarem", disse.

A suspensão de visitas e de outras atividades, como transferências e entregas particulares de alimentos, começou no último dia 15 de março e o período foi prorrogado pela Secretaria de Cidadania e Justiça por mais 15 dias.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Tocantins criou uma comissão especial e o procurador de prerrogativas da OAB no estado, Paulo Roberto Silva, disse que os casos citados devem ser investigados.

"Nomeamos uma comissão que fará um trabalho para que todas essas denúncias sejam apuradas com rigor. Não podemos conviver com violências muito menos com a tortura no estado do Tocantins", disse.

Em nota, a Secretaria de Cidadania e Justiça, por meio da Superintendência de Administração do Sistema Penitenciário e Prisional, disse que desconhece os atos de violência denunciados na reportagem. Afirmou que os servidores e colaboradores que desenvolvem atividades nos presídios prezam pela garantia dos direitos humanos, da segurança e da ressocialização dos detentos.

A Seciju também informou que vai colaborar com a apuração dos fatos e que está à disposição da OAB Tocantins.

Fonte: G1